sábado, 7 de janeiro de 2012

Meu primeiro domingo sem Daniel Piza

Assim como a querida da Tina Lombardi, ainda estou chocada com a morte precoce de Daniel Piza.

(Daniel em busca de luz, foto tirada por Thiago Queiróz na Amazônia, 2009)

Meu primeiro domingo sem sua coluna foi estranho. Muito estranho.Um dos meus ídolos, Daniel me ensinou, literalmente, a entender, apreciar e saborear Machado de Assis. A biografia  que escreveu sobre ele é, além de mega fácil de ler, com texto inteligente e investigativo, prima pela beleza e elegância.

Daniel se foi dia 30 de dezembro de 2011, aos 41 anos, vítima (na maior definição da palavra) de um AVC, deixando a mulher, minha colega de profissão Renata Piza e três filhos lindos, pelos quais era absurda e lindamente apaixonado.
Trocávamos e-mails sobre literatura periodicamente, sempre muito gentil e atencioso. Inteligente, curioso e extremamente culto, escrevia sobre tudo, inclusive sobre moda. E por uma (triste) coincidência foi sobre essa capacidade plural de Piza que escrevi o meu último post aqui no blog.

Politizado, tinha crítica em sua essência. Lê-lo por 11 anos me fez enxergar o mundo com lentes especiais.

(texto de estreia em 2000 no Estadão)

Sempre desconfiado, só opinava quando tinha conhecimento de causa e claro, tinha conhecimento de praticamente tudo ao seu redor, desde política, passando por artes plásticas, literatura até chegar no clichê futebol, que diga-se, manjava como poucos, tanto na escrita quanto no domínio da bola.

Todo domingo me perguntava em como Daniel conseguia falar sobre tantos livros, filmes, músicas, mostras,  acompanhar a cena política e econômica mundial, e ainda escrever seus livros (ao todo foram 17).
Sua visão generalista era surpreendente. Vivia no caos, como mostra a foto de seu escritório tirada um dia após sua morte por um colega de profissão do Estadão, mas esse caos era o resumo do quão paradoxo e encantador era. Amava, visceralmente o que fazia, como poucos de sua geração.


Tive o privilégio de conhecê-lo, de ser sua aluna e colega de textos e de partilhar com ele o amor pelas letras. Quem o conheceu sabia que suas palavras duras e muitas vezes ranzinzas não combinavam com seu semblante calmo, voz suave e olhar doce. E além de tudo, Daniel era muito bonito.


Sei que meus domingos nunca mais serão os mesmos. Por isso termino esse texto emocionadíssima, assegurando que Daniel Piza vai deixar muitas saudades por vários motivos, mas para mim o principal deles era como tinha a real noção de sua importância sem ser esnobe e em como amava sua família e a vida que tinha com eles.

(dedicatória no livro que escreveu sobre Machado de Assis)

 Não é pq se foi que Daniel se transformou em um personagem ímpar. Felizmente em vida tive a oportunidade de dizer que ele era sim um cara especial.

(último texto, estranhamente triste!)

Obrigada por tudo, Daniel!

Lilian Costa

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