segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Por que escrevo sobre moda

Às vezes as pessoas me perguntam, além de eu também pensar a respeito, qual o motivo que me levou a escrever sobre moda, estilo de vida e comportamento. 
A resposta é simples: fuga e beleza. 
Como vivo de bode com essas notícias feias, cafonas e que deviam estar fora de moda sobre violência, corrupção, falta de segurança, saúde, habitação e cultura, escrever sobre algo que me faz bem e criar uma maneira que não parecesse um assunto fútil e inútil, foi a saída que encontrei para continuar fazendo o que amo, que é me comunicar, sem ficar doente ou desenvolver úlceras de raiva e desgosto. 

Pois bem. Acabei de ler a coluna de ontem do Daniel Piza, colunista, escritor e editor-executivo do Estadão e voltei a pensar no assunto. Daniel fala basicamente de comportamento. Aborda (e mistura) com rara destreza política, futebol, música, literatura, cotidiano, artes plásticas, cinema, arquitetura, filosofia, teatro, televisão, fotografia, viagens e gastronomia(ufa!). Porém Daniel é um homem politizado e independente do que fala logo  se nota o viés político em suas críticas. 
Comecei a lê-lo há 10 anos por causa do genial Machado de Assis e nem imaginava que o escritor da  mais bela e genial biografia de Machado, se metia a falar inclusive, dentre tudo que sitei acima, sobre moda.
Não sei se a influência que provavelmente sofre de sua esposa, Renata Piza, jornalista de moda e colunista da revista Elle é assim tão forte, mas suas opiniões são sim para se fazer pensar.

Há algumas semanas ele fez um comentário que me chamou a atenção. Entre outras coisas que escreveu sobre o assunto, fez o rápido comentário a cerca dos blogs, inclusive os de moda: "Quando houve o surgimento da moda dos blogs, muitos articulistas, principalmente os mais jovens, saudaram a chegada de uma linguagem e tecnologia que iria combater a mídia “mainstream”, com estilo mais autoral, atitude mais independente, interação mais democrática. Rodo por alguns blogs, sobretudo de moda, e vejo exatamente o contrário: escrita primária, comprometimento publicitário, busca da audiência pela audiência..."

Ontem Daniel abordou um outro ponto que já tinha me dado conta entretanto vivia me esquivando : o ponto insuportável de quando a moda cruza com a política. Vamos a ele: "Passamos de carro ao lado do futuro ShoppingJK, na fronteira de Vila Olímpia e Itaim e minha mulher nota uma placa do BNDES com aquele logo "Brasil - Um País de Todos". É um empreendimento privado, de luxo, que vai trazer grandes grifes ainda inéditas no Brasil, gerando um comércio tal que sem dúvida em pouco tempo estará dando retorno.Porque, então, dinheiro público emprestado para isso? É como nos patrocínios culturais para grandes nomes do show biz nacional e internacional, que não precisam ter a menor preocupação quanto a seu potencial de mercado. Enquanto isso, a infraestrutura urbana ao redor daquele empreendimento, como as inúmeras calçadas destruídas ou inacabadas demonstram, é ridícula. E tome desigualdade e transtorno."

Depois desses dois pontos levantados por Piza, quero repensar o motivo pelo qual escrevo sobre moda. E principalmente como escrevo. Sou politizada também e já abordei pontos importantes como a moda das réplicas, nome chique dado aos itens pirateados, e a absurda mas atual mão de obra escrava amplamente usada nas confecções brasileiras e que é vista com lentes rasas pela justiça brasileira. Mas confesso que sempre me deixei influenciar pelo status quo do mundo da moda, onde quase não se fala sobre economia e política...

Então é isso!! Como meta para 2012, mesmo falando sobre um assunto leve e descomprometido como é a moda, vou continuar com mais vigor a exercer meu viés político (que me é inerente) e quando sentir vontade e necessidade vou linkar estilo de vida, moda, comportamento e política. Sem correr ou fugir. E tudo de maneira bem bonita, prometo!

Bjssss e uma excelente noite.


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